Caro Dom Luciano

Publié le 27-08-2009

de ARSENAL DA ESPERANÇA

Há três anos, em 27 de agosto de 2006 às 18.10, você nos deixava... mas você permaneceu no meu coração. Você não se tornou uma recordação, permaneceu uma presença. O seu olhar, o seu estar absorto em Deus, mas sempre presente para nós, para mim... desde aquele 15 de janeiro de 1988, dia de nosso primeiro encontro, agora são fatos estabelecidos para sempre.

Mas falar de você é difícil. As palavras não bastam, podem até dificultar. Como falar do vento?
Não se pode parar o vento, mas ele te esquenta e te refresca. Cada palavra a mais poderia estragar aquele calor e aquele frescor. Assim é com você: somente o silêncio, os pensamentos íntimos podem te explicar. Você foi, e é, a carícia mais preciosa que o Senhor me doou. Tive milhares de encontros fantásticos, belos, profundos, mas o encontro com você tornou-se um vento que sempre me acompanhou e que continua.

Quando você intuía que algo poderia me ajudar, já estava feito. Assim também acontecia comigo. Quando a gente se torna amigo é realmente assim, tem-se a sensação que o outro possa fazer de nós aquilo que quiser e não é uma sensação vaga, é um fato que nós dois experimentamos milhares de vezes. Uma vez te pedi para vir do Brasil para encontrar um amigo meu no cárcere de Pisa. E Você: “Estou pronto!”. Tenho a certeza que poderia ter feito a mesma solicitação mil vezes e você teria respondido da mesma forma.

A fim de fazer algo que pudesse ajudar-me a resolver algum problema sério e urgente, você era capaz de perder o avião ou de adiar um compromisso importante sem nem mesmo deixar que eu o notasse. Falar com você não era difícil; mesmo quando você era Presidente da Conferência Nacional dos Bispos (CNBB), falar com Você era a coisa mais simples do mundo. Você estava disponível para qualquer um, sobretudo para os pobres.

O teu coração e a tua mente eram plasmados verdadeiramente sobre o Evangelho e creio que escolhendo-te Jesus se fez um presente especial. Você era de tal forma entregue a Deus e aos outros, que Deus e os outros com você estavam bem. Quando falo de você a retórica não existe. Quando falo de Você penso em você e, ao pensar, a tua recordação me ajuda a não perder tempo, a fazer melhor aquilo que estou fazendo. Pensando em você se torna fácil para mim limpar o chão ou recolher um pedaço de papel porque te vi fazendo isto. Quando consigo escutar uma pessoa que “não conta” para o mundo, ou é inoportuna, é porque aprendi isto com você, te vi fazendo isto.

Gostaria Dom Luciano que todo o mundo te conhecesse, porque te conhecendo conheceriam a Jesus, conheceriam ao Pai, porque basta pensar em você – como me escreveu o Cardeal Martini em uma carta – que já vem a serenidade. Gostaria que tantos te conhecessem não porque você é um mito, não porque você é um santo – embora você seja mesmo um santo – mas porque você é uma boa pessoa e as pessoas boas trazem serenidade, trazem paz, ajudam a encontrar o sentido da vida.

Desde que te conheci, dizer que te queria bem me deu sempre segurança. Faz três anos que te repito com freqüência: “Dom Luciano, te quero bem”, e te ouço responder como sempre “Também eu te quero bem!”.

Ernesto Olivero (fundador do Arsenal e da Fraternidade da Esperança)

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