Facas que desarmam... Aos 1.200 acolhidos do Arsenal da Esperança.
Publié le 28-12-2016
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Aos 1.200 acolhidos do Arsenal da Esperança,
Me pediram pra descrever aqui o que leva uma pessoa a perder horas do seu dia para levantar dinheiro para uma doação, a fim de ajudar 1.200 homens desconhecidos, com histórias tão diferentes da minha. Então vou tentar...
Tudo começou pela vontade de reunir os antigos amigos de escola para celebrar uma festa. Arrecadamos dinheiro de todos os antigos alunos para pagar DJ, bebidas e comidas. Foi uma festa linda, cheia de boas recordações e regada a muito amor fraternal.
A adesão foi maciça e tivemos uma sobra de dinheiro. Como eu fazia parte da comissão dessa festa, sugeri que doássemos o dinheiro para uma Instituição que fosse ligada à nossa escola. Mas a primeira que foi indicada por um nosso amigo, hoje padre, foi o Arsenal da Esperança.
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O terceiro motivo, que bateu mais forte dentro de mim, foi o alimento para o físico. Eu vou explicar: quando liguei para o Arsenal, falei com o Marco e ele me disse que precisavam muito trocar os talheres, porque que já estavam gastos e alguns até faltavam.
Bem, o dinheiro que sobrou da nossa maravilhosa festa deu pra comprar todas as facas. O Marco ficou muito satisfeito com a doação, mas confesso a vocês que, no dia em que vim trazer a compra, o significado de entregar as facas foi decisivo para a minha libertação. Senti-me como se estivesse me desarmando de todo o preconceito e de todos os meus receios em ajudar a quem não conhecia. Pensei: “Meu Deus, o que está acontecendo nesse lugar mágico?”.
As pessoas entram aqui e saem alimentadas de quê? Minha alma se alimentou imediatamente de Amor e Luz e aqui vi que Deus “não estava de brincadeira”. Uma inquietude bateu forte. Não me conformava em doar facas e me sentir liberta. Procurei uma forma de me confessar de tantos anos me protegendo das coisas externas. Foi então na Reconciliação com Deus que me despi da armadura que me prendia e me cegava. Que sensação de liberdade!!! E aí decidi procurar meus amigos para que me ajudassem a arrecadar dinheiro também para os garfos e não recebi nenhum não.
E o que tudo isso tem a ver com os talheres que vocês estão recebendo? Bem, pode ser uma gota num oceano, mas quero dizer que os únicos instrumentos que quero carregar comigo, e espero que vocês me entendam, são instrumentos representados por esses talheres. Que eles possam alimentar seus corpos e que vocês possam ter serenidade em aceitar o Amor e a Luz que vêm dessa doação.
Sei que vocês são homens de muita fibra e coragem e que se estão aqui é porque nunca desistiram de viver, mesmo no mais fundo do poço que possam ter chegado. Eu os admiro muito!
Bom apetite!
Feliz Natal e que o menino Deus os conforte em todas as horas.
Mônica
São Paulo, 12 de dezembro de 2016.