Três meses no Arsenal da Esperança...

Publié le 23-03-2014

de ARSENAL DA ESPERANÇA


Em 2010, quase por um acaso, passando perto do Memorial do Imigrante de São Paulo, o histórico museu da imigração na capital paulista, descobri os prédios do Arsenal da Esperança.

Sem conhecer a instituição, procurei algumas informações, assim como eu havia feito com outras instituições brasileiras. Foi assim que fiquei sabendo do SERMIG de Turim, dos outros Arsenais no mundo e da aventura de Ernesto Olivero.


Estamos em 2013, mais uma vez viajo, vou a São Paulo para me encontrar com Cyntia, a minha namorada. Ao planejar mais essa viagem, desejava aproveitar meu tempo também em função do próximo, dedicando um pouco das minhas energias aos últimos. Para dizer a verdade, pois as coisas não nascem do nada, há meses eu estava refletindo sobre essa passagem da Palavra "... tive fome e me destes de comer... Tive sede...” e assim por diante. Para compreender, é preciso viver as palavras.

Da Itália, após os primeiros contatos com Simone, um missionário do SERMIG em São Paulo, em dezembro do mesmo ano, cruzei o portão do Arsenal da Esperança, no histórico bairro da Mooca.


Na verdade, imaginava encontrar apenas os problemas devido às dificuldades enfrentadas pelos acolhidos, como consequência das drogas, álcool, de abusos sofridos, injustiças, discriminações e sofrimentos de todos os tipos.

Ao contrário, encontrei uma casa que realmente acolhe sem nenhuma distinção, na qual, muitas vezes, a pessoa consegue se reconciliar consigo mesma e com o próximo. Quem entra aqui é bem-vindo, contanto que aprenda a respeitar os outros. Este é um dos fundamentos: o respeito ao próximo que, em muitos casos, passa pela recusa clara às drogas e aos vícios em geral. Mas a tornar o lugar ainda mais especial é a presença de um grupo de missionários do SERMIG que vivem o ideal evangélico na absoluta simplicidade e total dedicação ao próximo.


Com Gianfranco, Simone, Lorenzo, Marco, todos os amigos da Fraternidade da Esperança e os voluntários, compartilhamos momentos significativos entre o trabalho, a oração e as numerosas iniciativas e eventos.

Para o Natal, por exemplo, os acolhidos realizaram um enorme presépio feito de papelão que reproduzia o bairro em miniatura com a intenção de transmitir a mensagem a todos os moradores de que o bairro pode mudar através do compromisso e da solidariedade de todos aqueles que participam: pessoas e instituições. Essa iniciativa teve o seu ápice na Eucaristia celebrada no dia de Natal por Dom Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo, com a presença de inúmeros convidados e amigos.


Em concomitância ao último carnaval, o Arsenal organizou o Batuca-Bresser, um desfile alegórico com tambores de lata e instrumentos rítmicos construídos por numerosos amigos e voluntários. A ideia nasceu da necessidade de agregar o maior número possível de pessoas para divulgar a imagem de um bairro onde ninguém se sinta excluído.

O compromisso do Arsenal vai evidentemente muito além das atividades "internas" e o desafio é, definitivamente, aquela de instaurar uma rede de solidariedade, incluindo instituições e personalidades, entre elas, outras entidades religiosas. O objetivo de uma inclusão social plena, à luz da Palavra de Deus, é um dos objetivos a serem alcançados.


Além de tudo isso, o Arsenal vive a sua rotina feita de ações só aparentemente banais, mas que, na realidade, são de preciosa e significativa importância. Como voluntário, você pode se encontrar realizando alguma atividade no bazar interno, onde são coletadas as peças de vestuário, fruto de doações. Nesse caso, pode acontecer de ter somente que separar as roupas entre masculino e feminino. Isso, à primeira vista pode parecer não muito útil, porém, representa um ato de amor e de profunda dedicação àqueles que, graças àquela contribuição oferecida,  terão um vestido ou um par de sapatos. Também se pode colaborar com alguma tarefa na limpeza dos ambientes, dos dormitórios ou na carga e descarga de mercadorias. Há tarefas relacionadas à biblioteca interna e, para aqueles que são qualificados, o ensino na formação e alfabetização. Não importa o que é feito. Acredito que o importante seja como se faz e a quem se destina.


Quem entra no Arsenal, quer seja voluntário ou acolhido, sabe que a sua contribuição não acaba em si mesma ou apenas para o seu próprio benefício. Todos, sem exceção, aprendem uma lição fundamental: o compromisso de cada um conduz ao bem de todos. Então, dedicar o próprio tempo se transforma no dom de si mesmo e no mais amplo desenho de amor providencial.

Quanto a mim, vivi três meses extraordinários e, com certeza, voltaria a fazê-lo. Poderia me prolongar, teria ainda muito a contar, mas isso não conseguiria comunicar as sensações experimentadas. É necessário experimentar para compreender. Para isso, você precisa viver o Arsenal. Você terá a grande oportunidade de fazer o bem sem exigir nada em troca. Você conhecerá pessoas maravilhosas e talvez, isso depende de você, encontrará a sua estrada. O que mais você deseja? 
Livio Urbisci

Ce site utilise des cookies. Si tu continues ta navigation tu consens à leur utilisation. Clique ici pour plus de détails

Ok